Há 18 anos...

          Há 18 anos, eu tinha pouco mais de 17, dormia até a hora que queria, Gisele Bundchen era só mais uma menina de agência em agência fazendo testes para trabalhos, Lula ainda acreditava que um dia poderia ser presidente embora todos duvidassem, não imaginava que só teríamos Renato Russo por mais 2 anos, e não parecia que já estavamos a 4 sem Cazuza. Paulo Coelho enchia minhas prateleiras, acreditava que o momento pós "fora Collor" poderia melhorar muito o país e me orgulhava por ter participado do movimento dos "caras pintadas" pelo Impeachment. Eu já estava no terceiro ano do ensino médio e não tinha a menor idéia do que fazer. (Mal sabia que só 18 anos depois poderia ter isso claro na minha cabeça).

         Não tinha celular, meu computador não tinha internet, usava apenas para alguns trabalhos escolares, fazer CV para amigos e jogar Paciência. As calças eram de cintura alta os cabelos armados as sombrancelhas grossas, e todas invejavam aquele bronzeado perfeito de Adriane Galisteu, a então namorada de Ayrton Senna, que mesmo com 10kg a mais, era o padrão de beleza da época. 

        Muitas amigas estavam grávidas e hoje têm filhos já maiores de idade. Tinhamos o privilégio de rir com os programas semanais de Chico Anysio, Galvão Bueno não era tão chato assim, Faustão ainda não tinha empapuçado, Xuxa era ícone infantil, Seattle revelava grandes bandas.

        Há 18 anos as manhãs de domingo eram mais alegres e não reclamávamos tanto. Há 18 anos muitos não imaginavam que Ayrton Senna era insubstituível.

        Ele nos deixou há 18 anos. Parece que foi ontem.